SOB ATAQUE - A PALAVRA

Compromisso é coisa do passado, pois a filosofia do presente abomina o compromisso e as convicções são consideradas perigosas. A aliança entre o não querer compromissos e o medo de se ter convicções começa a dar frutos com a irracionalidade.
Muitos meios que se dizem cristãos não fogem à regra. Se compromisso é miragem, convicções nem se ouve falar delas. A norma é o não comprometimento. É a atitude de quem tem medo de ser politicamente incorrecto com a sociedade.

O medo de se ficar comprometido com alguma coisa é tão grande que se tem pavor em passar para escrito o que quer que seja. Começa a ser difícil encontrar uma “igreja” que tenha escrito de forma clara aquilo que por tradição passam a vida a dizer que defendem. Temas como família, não são escritos. Gostam muito de dizer que defendem a família mas não dizem qual o conceito de família cristã, sua organização, responsabilidade, o papel da mulher e do homem, etc.
Outros temas tais como filhos, casamento, divórcio, novo casamento, sexualidade, homossexualidade, organização política, religião, o lugar do homem, o lugar da mulher, fé e muitos outros não são passados para escrito, pois obriga a um compromisso que ninguém quer assumir.
Esta cómoda posição está a trazer reconhecimento pela sociedade mundanista pós-modernista, mas está a esvaziar o cristianismo da sua essência.

A principal consequência é que ninguém no seu perfeito juízo aceita um movimento que se rege pelas ondas dos interesses de um lado e por outro tenta enganar as pessoas dizendo ter convicções, quando age como os demais.

Jesus criticava abertamente os fariseus. O motivo era a hipocrisia de exigirem aos outros o que não cumpriam. Muitos dos que se dizem cristãos são semelhantes, por isso é que se estão a tornar a chacota da sociedade, pois criticam a sociedade, criam padrões morais e éticos para os outros, mas para si mesmos são permissivos com a velha desculpa do amor. Esta dualidade de critérios está a levar ao descrédito natural.

Mas este aligeirar de responsabilidades não é o único na idiossincrasia cristã, principalmente daqueles que dizem que a Bíblia é a base da sua fé e que Jesus é o seu salvador. O estilo de vida de muitos que se dizem cristãos não é compatível com a fé. Trocaram a fé em Jesus Cristo pela segurança aparente do estado protector. Hipotecaram a fé pelo encher um depósito de combustível. A fé na medicina é mais forte do que o que está escrito na Palavra. As técnicas da psicologia são mais valorizadas que a comunhão dos irmãos. A falsa liberdade prometida é mais atraente que a submissão a Deus. A protecção da comunidade é apenas uma história que se encontra na Bíblia, pois muitos cristãos acreditam mais no estado social humanista que na comunidade dita cristã onde se integram.

Sem fé o cristão tornou “a igreja”uma instituição que tenta sobreviver à custa do estado laico, das benesses da corrupção e das migalhas dos subsídios.

Se perguntarmos a um cristão o que é a Bíblia, muitos irão responder que é a “Palavra de Deus”. Independentemente de saberem ou não explicar o que isso quer dizer e as implicações que pode ter, o facto importante e que não é devidamente valorizado é que a Bíblia é uma obra escrita.

A escrita acrescenta compromisso às palavras. Quem as escreve fica intimamente ligado com elas. Ao ser palavra escrita a importância da Bíblia transcende o próprio texto, pois torna-se o compromisso da revelação e fidelidade de Deus.

A Bíblia entre os cristãos evangélicos é tida como o padrão, mas mantêm um relacionamento ambíguo. Por um lado é tradição o estudo, por outro lado, não fazem a devida aplicação prática.

A Bíblia revela entre muitas coisas os princípios emanados do coração de Deus para uma vida livre e saudável para a humanidade. Estes ensinamentos estão em confronto com o estilo de vida auto-destruidor da actualidade.
A libertação produzida pelo evangelho é amordaçada pelo desejo de uma vida cheia de emoções fortes.
O prazer cristão de servir é trocado pelo servilismo do querer ser importante.
A obediência a Deus é considerada loucura pelas falsas promessas de liberdade humanista.
O livre arbítrio divino foi desvirtuado numa opressão social e na ditadura dos interesses.
A possibilidade de escolher entre o bem e o mal, foi a transfiguração do bem no mal ficando o mal com a razão da existência.

A Palavra está sob ataque, sim, por quem se diz cristão, não confia nas promessas de Jesus.
Jesus disse que o seu jugo era suave e o fardo leve e Nele se encontraria descanso para as almas (Mt 11:29-30).
Os jovens acham difícil que a lealdade a uma futura relação monógama não começa no conhecimento inicial mas logo quando se nasce.
Muitos jovens, dentro das “igrejas”, vivem obcecados porque não querem compreender que o que Deus lhes pede é para o seu bem e que é a sua segurança física, emocional e espiritual que está em jogo.
As lideranças tem dificuldades em lidar com submissão, acontecendo muitas vezes que dão mais importância a si mesmos que à missão de servir.
Os homens têm dificuldade em lidar com a confiança que devem ter em Deus, optando pela falsa segurança das suas capacidades, vivendo muitas vezes agarrados as falsas âncoras.
Os movimentos de mulheres dentro das “igrejas” é uma tentativa de afirmação da sua autoridade e influência, desvirtuando o conceito de submissão. O endeusamento feminino em alguns meios evangélicos parece querer concorrer com a prática de cristãos de outras áreas.

Este género de atitudes levam a quem está de fora, a duvidar da Palavra, pois se aqueles que se dizem seus defensores não a vivem, então é porque algo deve estar errado. A submissão a Deus e à Palavra tem sido a pedra de tropeço de muitas gerações e a da actualidade não consegue libertar-se da arrogância da auto-suficiência.

A Palavra está sob ataque, sim, porque quem se diz cristão não a põe em prática.
Como exemplo, no Livro de Actos, diz que Deus acrescenta às comunidades quem se há-de salvar. Na actualidade confia-se mais nas técnicas de marketing e planos de encher os templos, do que no trabalho do Espírito de Deus. A consequência é que o esvaziamento é a dura realidade de muitas comunidades. Antes das estratégias devem os membros tornarem-se humildes diante do Senhor, submissos à Sua vontade e libertarem-se da importância dos seus conhecimentos. Antes de falarem do evangelho, devem mostrar na primeira pessoa os frutos do evangelho na sua própria vida e como lhes trouxe libertação das coisas deste mundo.

A Palavra está sob ataque, sim, porque aqueles que deviam ser o seu reflexo tornaram-se iletrados Bíblicos, não são actuantes consigo próprios, mas exigem dos outros o que não cumprem e pior do que isso j ulgam que os não crentes são cegos ou tolos para não repararem nessa hipocrisia.

No evangelho de João, capítulo 15 versículo 7, Jesus diz o seguinte “Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito.”
Utilizando um termo que está na moda entre os adolescentes e os jovens dá vontade de perguntar:
Qual a parte de “minhas palavras” é que não perceberam ?
Qual a parte de “tudo” é que não perceberam ?

Deus deu exemplo, quis que tudo ficasse escrito, para que não houvesse dúvidas.
De que é que os cristãos têm medo de passar a escrito os seus entendimentos?
Do compromisso com a palavra, tá claro! Assim podem dar-se com todos e alterar o que dizem conforme lhes interessa.
Do compromisso com os ensinamentos de Jesus! Assim podem aceitar outras doutrinas..
Do compromisso com os princípios de Deus para todos! Assim se estiverem num ambiente hostil, sempre podem agradar aos interlocutores.
O estilo de vida do não compromisso leva a que a vida se torne numa gincana de emoções sem escrúpulos pela vontade divina.
O não passar para escrito o que se pensa sobre o que deviam ser os princípios de vida cristã é um acto de cobardia. Como na actualidade a maioria dos temas sobre assuntos fracturantes (e são quase todos) criam antipatias internas e com o mundo, então cobardemente opta-se pelo dito e pelo não dito.
O não passar para escrito abre o caminho para a decadência moral e para a corrupção espiritual.

O passar para escrito obriga à certeza do que se está a escrever e a mostrar que se tem convicções.

A Palavra está sob ataque, sim, porque muitos os que se dizem cristãos confiam mais nos sistemas nacionais de saúde do que nas promessas de Jesus, que estão escritas. Confiam mais nos sistemas da segurança social do que na Igreja. Confiam a segurança do seu futuro nas suas poupanças e nas reformas do estado do que nas garantias que Jesus deu que tomava conta do crentes.
Estes exemplos servem para mostrar, tal como no Éden que mesmo entre os que se dizem cristãos continuam a confiar mais em si mesmos, mais nas ofertas do mundo e menos naquilo que dizem que é a sua fé.
Jesus bem disse que muitos dos seus seguidores o chamavam Mestre, mas não seguiam os seus conselhos e as suas instruções. Esta atitude de simpatizante não comprometido é um mal que existe desde as origens e a actualidade não é excepção.

A Palavra está sob ataque, sim, mas por muitas falsas interpretações que sejam feitas, nada a poderá alterar e muito menos levar Deus a aceitar que a insensatez e o capricho tornem a palavra vã.

“No principio era o “Logos”, e o verbo estava com Deus e a Palavra era Deus”

A Palavra escrita só será vida na tua vida quando o teu coração estiver em sintonia com o Espírito e a tua razão submetida à leve e doce vontade de Deus. Sem o vento suave do Espírito e sem o acompanhamento da submissão ao criador tudo se transformará nos antípodas do desejo de Deus.

A Palavra está sob ataque, sim, mas Jesus também disse que o céu e a terra passarão mas que a sua palavra ficará para sempre e a Palavra está escrita..

O movimento do Espírito transformou um grupo de cobardes e desiludidos fechados numa sala, algures em Jerusalém, em pessoas que deram a vida pela fé. O seu exemplo de vida e os seus escritos, trouxeram a salvação a milhões, podendo assim a mensagem do evangelho proporcionar a vida eterna junto a Deus.

A Palavra diz que Jesus é o mesmo hoje, tal como foi ontem e será o mesmo eternamente.
A mensagem do evangelho é a realidade que está ao alcance de todos que a queiram aceitar. Esta verdade não pode ser escondida nem deturpada. O poder que tem mudado a vida de muitos ao longo dos tempos clama por todos que queiram ser livres junto a Deus. O caminho já foi aberto através de Jesus Cristo, basta  dizer, sim eu aceito!     
Alexandre Reis
Para algum esclarecimento contactar através do e-mail: blog.terradosreis@gmail.com

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