VIVER A VIDA - TEMPOS LIVRES, DIVERSÃO, PRAZER, ARTES

A questão se um crente pode ir ou não a uma discoteca é uma faceta de uma dúvida muito mais abrangente, que tem a ver com o que são tempos livres ou o que é divertimento.
Como cristãos, a nossa vida deve-se pautar por princípios e não por regras, pois as regras tornam-se facilmente manobráveis ou torneáveis, desvirtuando assim os princípios.
Independentemente da diversão preferida ou a escolhida no momento, cada um deve encarar o que faz de divertido não como o objecto de vida, mas como algo passageiro e até descartável, para não tornar o divertimento num vício controlador.
O que é diversão para uns, pode ser aborrecido para outros, pois o conceito de diversão varia muito com a cultura e até com a personalidade.
Para uns o prazer máximo é ir ao futebol, para outros é ir à praia, cada qual deve saber desfrutar dos seus gostos. Só com estes dois simples exemplos, começa-se já a compreender que apanhar sol pode ser algo agradável mas que o excesso pode trazer consequências perigosas e que o simples prazer de ver um jogo de futebol se pode tornar uma obsessão perigosa. Os excessos e a perda de controle em qualquer diversão é um factor a ter em conta na escolha das actividades pretendidas, pois algumas actividades dizem-se lúdicas mas são camuflagens para outros objectivos.
A perversão do que é divertimento é levada ao máximo quando é colocada conjuntamente com a da liberdade. A dor infligida em nome de um qualquer divertimento não pode servir de desculpa de que se é livre para a praticar.
Todas as sociedades têm os seus limites, sejam factores culturais, religiosos, políticos, nacionalismos, sociais ou outros. Muitos desses limites servem para oprimir, outros para regular relacionamentos pessoais e/ou colectivos. Alguns limites são impostos pela estrutura de poder outros são assimilados pacificamente pela tradição.
Os limites para o divertimento fazem parte de todas as culturas e contra-culturas e ninguém é imune.
Em todos os tempos, muitos cristãos, pensam que é bastante redutor não se aproveitar do que o mundo tem para oferecer e ao mesmo tempo viver o privilégio pleno da salvação em Jesus Cristo.
Antes de alguém decidir se é conveniente ou não algum divertimento ou actividade deve colocar algumas questões para si mesmo:

  • Pensar sobre os sítios aonde se vai;
  • Pensar sobre o que se vai lá fazer;
  • Analisar que tipo de pessoas lá vão;
  • Analisar o ambiente moral e ético dos frequentadores desses sítios;
  • Saber quais os objectivos dos frequentadores habituais;
  • Saber o que atrai as pessoas a esses locais;
  • A segurança pessoal deve ser também questionada, pois há sítios que em si mesmo são perigosos e outros que o meio envolvente são potencialmente perigosos;
  • Interrogar-se se vai a um sítio porque se quer ir, ou porque se segue a manada;

No início do cristianismo, alguns cristãos de Corinto, como viviam numa cidade promíscua queriam ter o que eles achavam de ser o melhor dos dois mundos. Como a situação se estava tornar muito delicada, o apóstolo Paulo resolveu intervir ensinando e advertindo. Desses textos poderemos tirar alguns princípios que podem ajudar a orientar as escolhas para a vida em muitas áreas:

I Corintios 6:12 - “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma. “
I Corintios 10:23 -”Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam.”
I Corintios 10:31 - “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.”

As ilações que se podem tirar só são válidas se tiveram aplicação prática, e aí deve-se mais uma vez examinar a situação desejada e o que está por detrás dessa mesma situação. Devemos então interrogar sobre a matéria:
  • O que eu julgo que me diverte, ou algo que eu faça é lícito, mas será que me convém ?
  • Pode escravizar-me ?
  • Pode prejudicar-me ?
  • Vai-me edificar ?
  • Vai edificar os que me rodeiam ?
  • Estou a influenciar ou faço porque estou a ser influenciado ?
  • Pode isso trazer glória a Deus ?
Muitos que se dizem crentes, parecem uns tolos tristes, pois acham que é muito difícil e até injusto não usufruir o que o mundo tem para oferecer. O que os atrai são os resquícios da natureza carnal e aquilo que chamam de oferta e divertimento são coisas como a devassidão, a depravação de costumes, o sexo antes do casamento e fora deste, o consumo desregrado de bebidas alcoólicas e de drogas, as palavras e conversas torpes, a malícia, a sensualidade e outras coisas tais que julgam que estão a perder.
Essas pessoas já se esqueceram que Cristo veio para trazer libertação dessas mesmas atitudes e que aquilo que julgam que estão a perder é o verdadeiro ganho que alguma vez se pode ter.
O apóstolo João na sua segunda carta (I João 2:15-17) diz que não se deve amar o mundo nem o que o mundo tem para oferecer:
  • Concupiscência da carne: atracção pelos prazeres materiais e/ou sensuais, maus instintos;
  • Concupiscência dos olhos: desejo sexual intenso, maus desejos do olhos;
  • Soberba da vida: cobiça, ganância por riqueza, desejo de poder de influência e independência;
Diz ainda que estas coisas não são de Deus e que irão desaparecer, mas que a vontade de Deus é eterna.

Não se deve valorizar o tempo das actividades de diversão, nem concentrar os pensamentos e desejos nessas mesmas actividades. Pode-se desfrutar de actividades divertidas, mas não torná-las as únicas fontes de alegria e desejo, transformando-as em idolatria e ficando-se agarrado a elas para alimentar os desejos da carne.
Os prazeres e os divertimentos que o mundo oferece são de curta duração e deixam as pessoas insatisfeitas.
Os prazeres do mundo são enganosos e levam ao desvio dos reais objectivos da criação.
Os que se dizem crentes, não se dando por convencidos da veracidade do amor de Deus e a da aplicação prática da Sua Palavra, vão tentando anestesiar a consciência com atitudes hipócritas e tentam criar diversões semelhantes às do mundo, mas só para crentes. Faz-se o mesmo que os do mundo mas só entre os que se dizem crentes, julgando assim que enganam a Deus. Esquecem-se que Deus não engana nem se deixa enganar.
A dança, a música, a poesia e as artes em geral são coisas que agradam a Deus. Os tempos livres são criação divina, pois Deus descansou ao sétimo dia. A sua utilização pode trazer prazer e diversão, mas também pode levar à perdição eterna. Os princípios atrás descritos servem para qualquer área.
A ponderação e a racionalidade de uma escolha, determina quem somos e não aquilo que dizemos ser.
A raiz da verdadeira alegria e diversão está na vida que levamos depois do conhecimento de quem somos e como chegámos a esse patamar.
O verdadeiro prazer está em Jesus Cristo, que é a fonte da qual beberemos a água que nos matará definitivamente a sede e nos fará saltar para a vida eterna (Jo 4:13-14).
Loucos são os que continuam em insistir em beber a água que nunca sacia, conhecendo a verdadeira.
A verdadeira diversão está em fazer a vontade do Pai.
A verdadeira liberdade está em Jesus Cristo.
Alexandre Reis
Para algum esclarecimento contactar através do e-mail: blog.terradosreis@gmail.com

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