PRECONCEITOS

Os preconceitos fazem parte do carácter pessoal. A maneira como cada um se livra deles mostra a grandeza do individuo. Os preconceitos podem ser raciais, culturais, sexuais, sociais, etários ou outros. Os preconceitos são definidos como uma opinião (favorável ou desfavorável) formada antecipadamente, sem fundamento sério ou análise. Também são definidos como sentimentos hostis motivados por hábitos de criticismo ou ainda como sentimentos de intolerância. As sociedades são pródigas em trocar de preconceitos, pois consoante os interesses da ocasião há sempre uma ideia mais interessante para trocar por outra já desactualizada. No entanto há preconceitos que as sociedades não conseguem libertar-se ou assimilar, o mais antigo de todos é o do género, masculino e feminino. Se isto é verdade para as sociedades também é válido para as religiões, e muitos cristãos não se conseguem libertar deste estigma. Não há duas pessoas iguais, quaisquer que sejam a origens. Todos nascemos diferentes, não há dois homens iguais ou duas mulheres iguais. Mesmos os gémeos, que chamamos de verdadeiros, podem ser muito parecidos, mas não são iguais. As descobertas científicas trouxeram a novidade do ADN, e descobriu-se que não há dois ADN's iguais. Fisicamente todos conhecemos as diferenças entre os sexos, é notório e visível, mas também somos todos diferentes e estas diferenças também são notórias e visíveis. Socialmente também temos todos lugares diferentes. Podemos ter a mesma profissão, morar na mesma rua, ter os mesmos rendimentos, mas vidas diferentes têm objectivos diferentes e ficamos pessoas diferentes. As discriminações normalmente não têm por base qualquer lógica ou verdade, são apenas pretextos oportunisticos para tirar partido de qualquer situação anormal em que se está numa situação favorável e aproveita-se a oportunidade para espezinhar alguém ou algum grupo. Nos Jogos Olímpicos chegam a competir cerca de 10.000 atletas em dezenas de desportos diferentes. Gostava de ver um halterofilista com 140 Kg a fazer o salto à vara, tinha a sua graça, menos para a vara, ou então o saltador à vara a tentar levantar o peso do halterofilista. Será que algum destes desportistas se considera superior aos outros ? Espero bem que não, pois cada um tem as suas características, o seu treino específico e são desportos diferentes. Embora existam desportos mais populares não significa que sejam superiores a outros e cada um tem os seus adeptos. A diferença não é sinónimo de superioridade, antes pelo contrário é sinal de variedade e na variedade é que está a qualidade. É consensual entre os cristãos que diante de Deus não há diferenças. Para Deus somos todos importantes, quer sejam homens ou mulheres, ricos ou pobres, altos ou baixos ou qualquer que seja a cultura ou raça a que pertençamos. Diante de Deus não há diferenças. Utilizando uma linguagem religiosa facilmente se concorda que homens e mulheres são aceites da mesma maneira diante de Deus e que o acesso a Deus é igual para ambos. Quando entramos no plano terrestre a questão começa a mudar de figura. Na Terra a família de Deus são os cristãos e aí os preconceitos por vezes são mais fortes que a vontade divina. A Bíblia tem alguns versículos que aparentemente são redutores para as mulheres, mas como em qualquer texto, temos de contextualizar com a época, com os problemas locais e devemos fazer a exegese de acordo com os regras hermenêuticas. Os princípios devem-se sobrepor às regras. Um conselho para determinada comunidade cristã aplicar uma regra para cumprir algum princípio, devido a um problema interno, não significa que essa regra se deva aplicar a todas as outras comunidades de todos os tempos. Ao escrever a uma comunidade cristã, o apóstolo Paulo aconselha as mulheres a usarem determinado tipo de roupa. Não significa que a partir daquela altura todas as mulheres tenham de usar aquele tipo de roupa. O princípio por detrás daquela regra é não só para as mulheres como também para os homens, o que conta não é o design, ou o tipo de roupa mas a decência. Muitos dos argumentos utilizados não são mais que extrapolações de regras como a anterior, com vista a aplicação de algum preconceito cultural dentro de uma comunidade que deveria ser livre. A contradição mais comum entre os cristãos deve-se a que em determinada carta aos cristãos de Corinto, Paulo diz que as mulheres devem estar caladas na igreja. A análise deste texto mostra que não é mais que uma questão interna, e que o falar não é uma questão de exposição, oração ou profecia, é mesmo por causa da conversa fiada. O princípio por detrás desta regra é igual para todos, ou seja, o local de culto e de oração é um local de respeito e de ordem e quando alguém fala, os outros ouvem, coisas que segundo a análise ao texto não acontecia naquela comunidade por culpa de algumas mulheres. Como ainda hoje se diz, para grandes problemas, grandes soluções. Pedro na sua 1ª carta diz que os cristãos devem-se sujeitar uns aos outros com humildade, e permito-me acrescentar em amor. Assim as mulheres devem-se sujeitar aos homens em humildade e em amor e os homens devem-se sujeitar às mulheres em humildade e em amor. O preconceito da diferença entre homens e mulheres e a sua aplicação nas comunidades cristãs, leva à tristeza do Espírito de Deus. Uma das características do cristão é ouvir o que o Espírito Santo diz, se for preconceituoso fica indisponível para ser uma ferramenta útil na sua plenitude. Jesus Cristo veio à terra para anunciar a libertação que foi consumada na cruz. A libertação implica o acesso directo a Deus através de Jesus Cristo e este caminho é igual para todos e as suas condições também, não há limitações de sexo, língua, idade ou cultura. Diante de Deus Pai somos aceites, somos todos iguais e todos diferentes. Este mesmo princípio é válido para toda a Trindade. Aceitar a igualdade diante de Deus Pai no céu e rejeitar a igualdade na terra é uma forma perigosa de cristianismo. Se Deus é trinitário, o princípio da igualdade é igualmente válido para Jesus Cristo e para o Espírito Santo, Se perante a cabeça da Igreja, Jesus Cristo, não há diferenciação, não se deve também impor entre os membros. Os preconceitos provocam a diferenciação e criam raízes de amargura a quem sofre, as pessoas ficam amargas e ressentidas, desvirtuando os efeitos da cruz. O princípio da igualdade entre género é o do respeito, pois quem respeita não subordina e fica à espera da reciprocidade. Ao leres este texto, percebes que preconceitos existem aonde há pessoas, mesmo onde não deveriam existir, mas Jesus Cristo trouxe a libertação. Não importa se és discriminada/o, se és explorada/o, não importa as tuas posses, muito menos a tua pele ou a tua cultura, diante de Deus não há diferenças e nada te faltará, ele refrigerará a tua alma e guiar-te-á para águas tranquilas. O Caminho para a liberdade é Jesus ! Queres ser livre ? Basta aceitares o caminho.
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Para algum esclarecimento contactar através do e-mail: blog.terradosreis@gmail.com

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