MALDADE

Uma questão controversa é a da maldade do ser humano. Desde que se registam factos que o mal é mencionado. O mal é a maior causa de dor aos humanos, sendo talvez o factor histórico que mais transformou as sociedades. Certamente que a maioria das pessoas acredita no amor, na paz, na família, nas boas acções, na moral e na ética, independentemente do valor intrínseco para cada um. Todos sonham ter uma vida com sentido e acredita-se nas leis naturais. Estes valores até podem parecer universais, o seu entendimento e aplicação é que vão variando consoante os interesses e os interesses sobrepõem-se à razão e chegam-se a criar culturas e subculturas muito pouco razoáveis. Todos diferentes e todos iguais é coisa que não existe. A chamada ciência política faz questão de mexer com o que de mais íntimo existe em cada um. Os nacionalismos, os regionalismos, a cor da pele, as culturas, o desporto, as religiões e a economia são um manancial de divisões e oportunismos. À dezenas de centenas de anos que existem registos históricos. Todos carregados de guerras e massacres. Até a paixão deu origem a guerras e a mortes completamente desnecessárias. Há quem ache que a violência no cinema é uma arte. A intolerância é também uma forma do mal. A discriminação mesmo a chamada “positiva”, são formas de impor a vontade sobre outros. Desde que se registam factos, que não existem épocas de paz continuadas e as que aparentam tal forma, estão carregadas de contradições no seu interior, que só hipocritamente se pode dizer que existe paz. É utopia pensar que as pessoas se podem dar bem. Haverá sempre uma guerra fria, uma guerra no desporto, uma luta de classes, haverá sempre alguém a passar fome enquanto outros vivem opulentamente, haverá sempre empresas em conflito, haverá sempre um vizinho que acha que tudo pode, haverá sempre um governo a explorar o povo. Por muito desenvolvimento e evolução tecnológica que exista, o sofrimento individual e/ou colectivo é uma realidade. Nem o desenvolvimento das chamadas ciências sociais e humanas trouxeram melhorias à situação social e humanitária da actualidade, qualquer que seja o país. Os humanistas lutam arduamente para tentar mostrar o irreal, ou seja, que ao desenvolvimento social se pode aplicar as mesmas regras que na ciência. Na ciência atingir um determinado desenvolvimento é ponto de partida para uma nova pesquisa. Na ciência uma descoberta não se perde. Para os fenómenos sociais, políticos e filosóficos não é bem assim, uma conquista hoje, pode ser considerada um entrave no futuro, basta as vontades mudarem. Foi um erro pensar que depois das tentativas de extermínio do passado, que o mesmo não voltava acontecer. Basta estar atento à realidade diária para se constatar o erro que foi acreditar que a barbárie estava em vias de extinção. Criaram-se os tão proclamados Direitos do Homem e os Direitos da Criança. São belas declarações de intenções que poucos dizem cumprir, mas que na realidade só servem para discursos de ocasião. Abusos psicológicos, físicos e espirituais são praticados diariamente sobre milhões em todo o planeta. Vivemos no mundo em que os direitos dos agressores são mais defendidos que os das vítimas. Vivemos no mundo que declara os Direitos do Homem e que por interesses políticos ninguém os pratica e ainda se fecha os olhos por interesses económicos. Vivemos num mundo em que as crianças são tratadas como produtos de divertimento e ainda se protege os agressores e servem para encher tempo de televisão e vender jornais. Não me refiro apenas à ignóbil pedofilia mas também a todo um comércio de produtos para crianças e a toda uma filosofia de vida que quer transformar as crianças em pequenos adultos e levam-nas a fazer coisas que ainda não estão preparadas física e psicologicamente e isto apenas nos países que se dizem desenvolvidos, para não mencionar a exploração da mão de obra infantil e a negação de serem crianças. Vivemos numa época em que se proclama direitos, mas que a escravatura ainda existe. O tráfico de pessoas é uma realidade em todo o mundo. Vivemos num mundo inseguro em que ainda existe todo o tipo de criminalidade. A maldade é tão influente hoje como foi no passado e será no futuro se a humanidade não mudar de caminho. A ciência e a técnica atingiram um patamar de desenvolvimento que o mais optimista seria incapaz de prognosticar, e esse desenvolvimento foi colocado à disposição da humanidade, mas paradoxalmente as questões sociais parecem semelhantes às de todas as épocas. Fome, miséria, exploração, insatisfação, diferenciação, insegurança são fenómenos que se mantêm na actualidade tal como eram no passado. O mal existiu no passado, existe no presente e existirá no futuro. No actual estágio civilizacional é completamente impossível existir paz verdadeira. Como as correntes oceânicas estabilizam a temperatura do planeta Terra, assim a presença de Deus estabiliza a situação e as emoções dos humanos. O mal é a consequência da ausência de Deus. Nem tudo tem uma origem definida, ou de outra forma, por vezes uma coisa e o seu contrário têm composições separadas. O frio é a ausência de calor, se não houvesse calor o frio não tinha possibilidade de se manifestar. A maldade é fruto do livre arbítrio, pois os humanos escolheram viver afastados do criador. Se Deus impusesse a sua presença seria um acto de prepotência. A possibilidade de escolha é um acto de justiça, pois se Deus impusesse a Sua presença não haveria liberdade. Deus criou o mundo de tal maneira, que é preciso fé para acreditar que tudo o que existe é Sua criação e que Ele próprio é o mantenedor do universo. Foi assim que o criou e viu que era bom, em harmonia e liberdade. A Páscoa é o expoente máximo da liberdade. No passado era celebrada para comemorar a libertação de toda uma nação que foi escravizada e só conseguiu a liberdade com o poder e a graça de Deus. A Páscoa cristã é a celebração da vitória sobre a separação total de Deus, que só foi conseguida com o poder e a graça de Deus. Apesar da vitória já ter sido consumada por Nosso Senhor Jesus Cristo, na cruz, o acesso à liberdade continua a ser uma decisão pessoal, basta dizeres, sim quero ser livre, quero aceitar a Salvação proposta pelo Espírito de Deus. Não tens necessidade de viver consecutivamente na escuridão, como não precisas de viver sob o controlo do mal. O criador e mantenedor do universo, já se manifestou pessoalmente e de forma inequívoca para que todos vivam na luz e para que a Sua paz encha o íntimo de cada um de forma inteligível. Viver sob a autoridade do criador é respeitar os Direitos Humanos, é dar a liberdade aos outros de serem diferentes, é respeitar a possibilidade da mudança de opinião, é deixar as crianças serem crianças, é viver num universo horizontal em que todos estão ao mesmo nível e não utilizar argumentos políticos, étnicos, religiosos ou outros para discriminar. Assim como a escuridão é ausência de luz, a maldade é a ausência de Deus. O mundo que te rodeia pode estar coberto de trevas, podes até ser vítima de injustiças, mas podes viver na luz e na paz que proporciona a presença de Jesus Cristo na tua vida. A cruz e o túmulo vazio significam que a liberdade já foi atingida, e que se pode viver a vida em plenitude. A vida é mais do que existir ou respirar. Alexandre Reis Para algum esclarecimento contactar através do e-mail: blog.terradosreis@gmail.com

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