PARADOXOS

As grandes discussões sobre o sentido da vida, as questões sociais, a organização da sociedade, as grandes causas, quase que desapareceram do interesse das pessoas. As sociedades democráticas do ocidente transformaram-se em oligarquias, que ilusoriamente enganam os cidadãos com pseudo eleições, mas como diz o povo, só mudam os nomes. O estado é dominado por uma máquina terrivelmente burocrática que favorece os oportunistas e os espertalhões. As oligarquias são o cancro da sociedade, seja no estado, na política, nas empresas, nas associações, nos partidos políticos, nos clubes desportivos, nas religiões ou em qualquer lugar onde se reúnem pessoas com determinado fim. Tudo começa com uma estruturação rígida que leva ao controle, o controle leva ao poder, o poder leva à corrupção, a corrupção leva à destruição. As oligarquias são como as ervas daninhas, abafam quem está à sua volta e não deixam desenvolver os novos projectos nem os projectos emergentes. A história encarrega-se de mostrar o paradoxo da organização social de nunca ter havido uma sociedade perfeita e que todos os tipos de sociedade tiveram um termo. Como não existem sociedades perfeitas também não existem organizações perfeitas. Um dos paradoxos sociais é a organização social diferenciada. Ninguém consegue explicar como é que as sociedades se organizam e muito menos como é que aceitam a diferenciação. A aceitação da submissão e da exploração também não encontram explicações plausíveis. Nunca houve uma sociedade igualitária, em que todos os membros se respeitassem mutuamente. O ser humano com todo o seu esforço já tentou quase tudo. Os filósofos já teorizaram sobre o que muito bem lhes apeteceu sobre os mais diversos tipos de sociedade. Criou-se até uma ciência para estudar os fenómenos sociais, que é a sociologia. A sociedade e as pessoas surgem e desaparecem, mas os temas são sempre os mesmos, vão-se é revestindo de novas roupagens. A aplicação da ética vai variando conforme os interesses. Quando uma sociedade está no inicio o interesse é o crescimento e desenvolvimento, quando está no apogeu as discussões são sobre sobre a igualdade e o lazer, quando já está no declínio as discussões centram-se no prazer, no aborto e por fim na eutanásia. O estado social mundial actual é apenas o início da colheita na fé do consumo e na salvação pela ciência. Muitos acreditam que o actual ser humano atingiu um nível de evolução, de consciência e de conhecimento técnico-científico, que está pronto a responder a todas as suas necessidades e problemas que surjam. Vivemos numa época em que o planeta já é chamado de aldeia global. A grande maioria da população deste planeta tem conhecimento da existência de todos os outros. A rede mundial de computadores, a que chamamos de internet, permite o contacto directo e troca de experiências entre pessoas a milhares de quilómetros de distância sem se conhecerem. A informação corre o mundo “mais rápida que a velocidade da luz”. Este fenómeno é uma das facetas do movimento a que chamamos de globalização. Esta mundialização do conhecimento, das economias e até das questões sociais procura incessantemente um sincretismo artificial, para poder alcançar o seu objectivo, uma sociedade mundial de consumidores. A este tipo de sociedade também já chamam de sociedade da informação. Convém não confundir informação com conhecimento. Este acesso à informação levou as pessoas a desejarem a maior quantidade de informação possível, sem saberem para quê. Assim muitos internautas vivem obcecados com a quantidade, sendo no entanto indiferentes ao conteúdo. É indiferente saber que, em determinado país, ainda existem pessoas a morrer à fome, ou que noutro existem crianças que são a força de trabalho, ou ainda que, em determinado paraíso tropical se passam férias inesquecíveis à custa da exploração de mão-de-obra barata. Para a sociedade da informação, esta só vale pela sua quantidade e está completamente fora de questão a sua análise e muito menos o questionamento da situação. Vivemos numa época cujo valor é não ter valores. O cinismo tomou contra das atitudes. O que é verdade hoje pode não ser amanhã. O que interessa é o momento e no momento convém não entrar em choque com o que rodeia, mesmo que no momento seguinte se tenha outra opinião. Não interessa o que se pensa, o estar bem com todos é que é importante. A sociedade não acredita em Deus, mas também não o nega. Como não tem valores também não distingue o bem do mal. O interesse da altura é que decide a diferença entre o bem e o mal, e por conseguinte como se pode mudar de opinião em pouco tempo, o mal de hoje pode ser o bem de amanhã. Como consequência desta filosofia do momento, surgiu toda uma sociedade de descartáveis, desde a alimentação, à literatura, aos ideais, aos conceitos, aos relacionamentos. Qualquer coisa só é importante se faz sentir bem na altura. Esta busca do prazer instantâneo está a levar à procura de sensações cada vez mais fortes, em que tudo é para ser usado e deitado fora, seja um relacionamento, um bem material ou um ideal. Esta forma de vida, já é uma pandemia mundial e as suas consequências não se resolverão instantaneamente. Os teóricos desta forma de vida não dizem que há coisas que não são para usar e deitar fora, pois o ser humano é muito complexo, como tal tem sentimentos, vive no presente mas tem passado e tem futuro. Este tipo de vida hedonista colocou em andamento a sociedade do prazer, só que em vez de levar as pessoas para a felicidade e alegria está a arrastá-las para a depressão e tristeza. Esta sociedade baseada no eu, está a esquecer-se que cada ser não é uma ilha auto suficiente, mas uma personalidade individual que vive em grupo em que todos precisam de todos. Se cada individuo se preocupar apenas consigo próprio, não pode ajudar os outros e a consequência é que se o outro precisar de ajuda não vai encontrar ninguém, porque os outros estão preocupados na sua auto satisfação. Esta sociedade desconhece o valor do sofrimento, porque o rejeita, mas rejeitar não é sinónimo de não existir. Esta sociedade está a criar pessoas sem referências, sem rumo, sem ideais. As pessoas estão a tornar-se inúteis, indiferentes, fracas, conformistas, banais e sem projecto de vida. A sociedade assim constituída substituiu os antigos ismos, comunismo, socialismo e fascismo pelos novos, consumismo, materialismo e hedonismo. Esta sociedade idolatra o sexo, o dinheiro, o poder e o desejo de sensações. Estes falsos valores estão a levar à ruína do ser individual e à destruição dos elos solidários do colectivo. Esta sociedade global paradoxalmente tornou-se na sociedade do egoísmo individual. A consequência foi a perda da noção do sentido de vida, em que a vida deixou de ser um projecto e passou a ser uma causalidade. Estão-se a perder também os compromissos sociais solidários. A vida está a tornar-se um vazio angustiante em que ninguém se sente à vontade. A vida é um conjunto de compromissos biológicos, psico-intelectuais e sócio-culturais. A vida tem de ter valores tais como a solidariedade, as motivações, as convicções, a cidadania, a responsabilidade, o diálogo, a tolerância, os relacionamentos, a sensibilidade, a compreensão, a multiculturalidade, e tem de se saber apreciar e viver com a natureza. A vida com compromissos e valores protege-nos dos contratempos, das dificuldades, do desencorajamento e ajuda a evitar a perda do sentido de orientação. Viver a vida é viver o futuro, é acreditar que o amanhã será tão rico como o presente. O transcendente também faz parte da nossa existência, negá-lo cria um vazio interior que leva à desumanização, à idolatria materialista, compulsiva sexualmente e opulenta. O belo faz parte da vida, o prazer também e a diferença é um valor. Vive a vida em plenitude, aproveita-a e desfruta-a fisicamente, intelectualmente e espiritualmente. Foi para isto que foste criado e é com esta felicidade que deves viver o presente e em toda a eternidade que te espera. A vida é para ser vivida com princípios e valores segundo a Bíblia e evidenciados em Jesus Cristo.
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Para algum esclarecimento contactar através do e-mail: blog.terradosreis@gmail.com

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