IMAGENS E IDOLATRIA

Vivemos num mundo de imagens. Houve um slogan publicitário que dizia que uma imagem vale mais que mil palavras. Todos nós criamos imagens, no sentido de concepção de desejos. A imagem do planeamento das férias é muito diferente das próprias férias.
Ao longo da vida vão-se guardando vários tipos de imagens. Muitas estão ligadas aos sentidos, outras ligadas às emoções, ainda há, as ligadas aos desejos. A nossa memória é selectiva e por vezes utiliza as imagens como forma de chave. No passado só os artistas tinham acesso à feitura de imagens, sejam através da pintura, escultura, escrita ou poesia. Hoje todos temos acesso a imagens e até qualquer um pode fazer as suas seja em fotografia ou em vídeo. Quem não tem as fotografias do casamento, das férias, da escola, etc. Temos imagens nossas espalhadas por tudo o que é sítio, seja nos documentos de identificação, na internet, nas fichas da secção de pessoal das empresas, nas fotografias de aniversários, casamentos, férias, etc. Mas a imagem como ilustração não é a única identidade. A nacionalidade, o local de nascimento, a raça são também marcas da imagem identificativa de cada um. A formação da identidade não fica por aqui, continua-se a acrescentar mais dados, tais como os estudos, a profissão, a cultura, a religião, as opiniões políticas, etc. A tudo isto mistura-se a personalidade, o carácter e as marcas deixadas pela vida. Ainda temos a imagem que cada um tem de si, seja individual ou de um grupo. Juntamos a imagem que os outros têm de nós. Estas imagens são o conjunto de conceitos e valores que se associa a pessoas ou instituições. Seja em imagens reais, em imagens criadas, em imagens na imaginação, culturais ou outras, a imagem faz parte do quotidiano. Alegram-nos a vista, estimulam as emoções e dão cor à vida. Se as imagens fazem parte da vida, então porque podem ser consideradas como idolatria ? A questão não está nas imagens em si, mas na importância a que se lhes dá e mais uma vez não são apenas as imagens palpáveis mas a todo o tipo de imagens. A vida tem de ser vivida de dentro para fora, não se deve entregar o controle para algo externo. As escolhas que se fazem mostram a força das convicções. Fomos criados para ser livres e com autoridade sobre todas as coisas. A nossa vontade deve estar em sintonia com o universo que por sua vez está em sintonia com o criador. O ser humano foi criado com uma força interior poderosa e com criatividade apenas limitada aos instintos e com uma inteligência capaz de interpretar e até criar factos. Em determinada altura da existência os humanos optaram por terem acesso ao conhecimento do bem e do mal e a partir daí entraram numa espiral de loucura julgando que são como Deus. A finitude humana fragiliza qualquer desejo e transforma os sonhos de grandeza em pesadelos. A degradação do ser humano entristece o coração de Deus. É doloroso para Deus, ver a sua perfeita criação, os humanos, entregar o destino a qualquer coisa inanimada. Aqueles que escolhem o seu próprio ego, ou seja, a imagem que fizeram de si, são tão idólatras como os que pensam que através de uma imagem conseguem acesso ao mundo espiritual. Idolatria é a projecção do que se quer, mas que não se tem capacidade, nem poder para se obter, então transfere-se o desejo para algo exterior com o objectivo de se atingir o desejado. O conceito primário que temos de idolatria está ligado à adoração directa ou encoberta de imagens, transformando-as em deuses criadores, ou então em mediadoras com poderes de influência em algum deus que se julga poderoso para mandar neste planeta. Outro conceito é a projecção em animais os poderes que gostariam de ter, tornando os animais amigos pessoais de alguma pseudo-força criadora, julgando assim que podem usufruir da influência divina. Estas formas de idolatria são uma boa área para o aparecimento dos auto-proclamados representantes na terra de algum poder divino, julgando assim que os outros os vão respeitar e até obedecer só porque se dizem pessoas importantes com influência no universo. Chegam a vestir uma capa de humildade tal que até parecem boas pessoas. Utilizam vários títulos e várias técnicas para dar um ar da sua importância. Casos sórdidos, são aqueles que com o ego tão grande criam ou são levados a criar uma imagem de si próprios, que não corresponde à realidade, mas que fazem tudo para a manter, desde a mentira, a difamação, o roubo, a ocultação, a manipulação e tudo o que for preciso para manter essa imagem. Estes casos são transversais a todas a sociedades e estão em todos os estratos sociais. Temos de lidar com eles todos os dias. Normalmente estas pessoas são conflituosas só para alimentar o seu ego, esperando que os outros os adorem, no sentido de se acharem superiores. Isto também é idolatria, pois endeusam-se a si próprios. Além de muitos casos individuais, que naturalmente conhecemos, temos também as idolatrias colectivas. As auto intituladas elites são normalmente os sacerdotes dessas formas encobertas de idolatria, que podem ir desde a política, às filosofias, à ciência, ao desporto, à economia, etc. Onde houver um interesse de subjugação aparece sempre um super-sumo com alguma ideia luminosa para se colocar acima de tudo e todos. Alguns casos são tão caricatos que chegam a ter piada, mas muitos tornaram-se danosos e criminosos. Temos os casos da fé exacerbada na política, no nacionalismo, na religião, na música e em tantas outras coisa que teríamos uma lista daquilo que poderemos considerar crime contra a humanidade, e tudo em nome de uma idolatria qualquer. Outros não chegam tão longe mas acham-se intocáveis. É sobejamente conhecido o roubo de identidade em que se utiliza o nome de outra pessoa de forma abusiva. Esta técnica é muito utilizada pelos falsos cristãos. Utilizam o nome de Jesus Cristo, ou o nome de Deus, ou do Espírito Santo como se fossem ídolos que se podem manipular e até faze-los cumprir a vontade humana. Cria-se um falso cristianismo, um cristianismo idólatra. Em nome de qualquer figura da Trindade já se cometeram, e ainda se cometem, crimes hediondos. Esta usurpação da identidade é uma tentativa maléfica com o objectivo de perverter os verdadeiros cristãos e criar uma imagem negativa do belo. Já se viu ditadores, em todas as formas políticas utilizarem esta falsa identidade para atingirem os seus fins. Dentro daquilo que chamamos igreja, e aqui incluo todas, mesmos as que considero falsas, encontram-se muitos auto-intitulados ungidos e se consideram os únicos com autoridade sobre os outros. Por incrível que pareça estes pseudo-representantes divinos arranjam sempre um séquito de seguidores e de devotos. Esta prática de idolatria causou e causa descrédito, levando os que estão de fora a não quererem absolutamente nada com o Deus verdadeiro. A imagem transmitida por estes falsos cristãos, que também se podem designar por falsos cristos ou anti-cristos, é na realidade aterradora e até perturbante. O sonho máximo desta gente é serem confundidos com o verdadeiro e único Salvador, Jesus Cristo. Nestes tempos vivemos sob pressão do mundo espiritual. As pessoas que criam deuses/imagens à sua medida, acabam por se tornar marionetas nas mãos das hostes espirituais da maldade, levando os incautos a acreditar que o que criaram é real, tornando-se assim vítimas dos seus próprios desejos. A idolatria é a vontade de preencher o vazio que existe dentro de cada um. Idolatria é colocar algo no lugar que deve ser de Deus, seja aquilo que for. Há quem coloque uma imagem, o casamento, o clube desportivo, o emprego, os espíritos, os anjos, etc. Esse vazio só pode ser preenchido com a chave correcta e não com a imagem que se cria dessa chave. A verdadeira chave é o próprio criador. Como vivemos num mundo espiritual, as hostes espirituais da maldade aproveitam a porta aberta da vontade de obter graça para proveito próprio, mesmo que seja em nome de uma bondade para outrem, para começarem a satisfazer aparentemente a vontade do pedinte, que julga que está a ordenar e a ser obedecido. O preço que se paga, e que por vezes se leva outros a fazer o mesmo, é demasiado elevado. As hostes da maldade não estão aqui para alimentar o ego dos humanos. O papel delas é a destruição e não a cooperação. Cobram demasiado elevado e o mais ridículo de tudo é ver as pessoas a venderem a sua liberdade, a sua humanidade e até a rebaixarem-se até ao esterco, tornando-se adoradores do que criaram, mas que perderam a posse para alguma postestade. O idólatra, que julga que é um manipulador, passa a fantoche. Mas mesmo assim muitos optam pela auto degradação, para alimentarem a sua própria maldade e projectando-a em magoar os outros. Uma das promessas que os as potestades fazem a qualquer idólatra é a da independência de Deus. As pessoas vivem convencidas e dão como adquirida toda a criação, desde o ar que se respira até à complexa organização de cada ser e do próprio cosmos, fingindo esquecer-se de quem tudo criou. De certa maneira a idolatria é a luta constante com a lembrança da pequenez de cada ser humano. É quase como um grão de areia querer ser mais importante que todo o universo. O idólatra diz, tu és o meu deus, seja à imagem, seja a uma filosofia, seja a uma teoria cientifica, seja aquilo que for onde for, se num altar se numa conferência. Como és o meu deus tens de fazer a minha vontade. Tens de me obedecer, porque a tua existência depende de mim. É esta a fraqueza dos deuses dos idólatras e que alimenta o ego das pessoas. Estes deuses só existem enquanto houver pessoas a acreditar neles e a criarem imagens para os manterem vivos. O Deus criador, diz, vocês são o meu povo e podem vir a mim através de Jesus Cristo! Serão livres e farão parte da ordem criada por mim. Serão respeitados e respeitarão. A vossa pequenez será compensada com a alegria de terem futuro e a eternidade será o limite. Serão meus filhos e como tal meus herdeiros e terão acesso a tudo o que é meu. Eu sou construtor e tenho o melhor para vocês. A minha justiça será a vossa segurança. Eu não mudo e já dei provas de fidelidade. Eu sempre existi e sou independente de tudo, só dependo de mim mesmo. A idolatria, consciente ou inconsciente é uma fraqueza que tem consequências incontroláveis na parte espiritual que se reflecte na parte psicológica terminando na parte física, levando à degradação das pessoas como humanos com consequências sociais. Sem entendimento, alguns humanos rebaixam-se de tal maneira que perdem todo o sentido da vida e a vida que devia ser uma alegria passa a ser um peso. Assim se compreende, quando Deus diz não se deve adorar imagens, está na realidade a soltar um grito de dor, pois é um aviso a todos que a liberdade e o livre arbítrio estão em perigo. Justiça é diferente de bondade. Embora Deus seja bom, a sua justiça sobrepõe-se a qualquer dos nossos conceitos de bondade. Muita vezes, humanamente, justiça confunde-se com vingança e também muitas vezes a bondade são actos de verdadeira injustiça. É doloroso para qualquer progenitor ver os filhos hipotecarem a eternidade por falta de senso, porque escolheram viverem somente para os sentidos, para alimentarem os instintos e as emoções. Nem todas as imagens são idolatria, mas todas as idolatrias têm as suas imagens.
Alexandre Reis Para c esclarecimento contactar através do e-mail: blog.terradosreis@gmail.com

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