IGREJA

O tema Igreja, é dos mais simples e dos mais complicados ao mesmo tempo. Porque é um conceito enraizado em todos os crentes, que por sua vez têm opinião sobre o mesmo. Quase todos os crentes vão ao domingo à igreja. Às vezes diz-se a minha igreja, por vezes fala-se da igreja em Portugal ou outro país qualquer. Frequentemente o termo igreja é misturado com o próprio edifício, como por exemplo, estamos a fazer obras na igreja. No entanto quer estejamos a falar de reuniões ou de lugares, o objectivo é sempre o mesmo, fala-se de pessoas e de relacionamentos. O conceito Bíblico de “igreja” está relacionado com pessoas salvas, que fizeram as pazes com Deus em Cristo, através da Sua obra salvítica. Pode-se dar uma definição simples de Igreja com a análise das palavras gregas ekklésia, que significa um grupo de pessoas reunidas com um propósito específico e a palavra kuriakos, que significa um conjunto de pessoas que pertencem ao Senhor. Qualquer destas duas palavras são usadas no Novo Testamento e por vezes traduzidas por “igreja” e têm sempre a vocação de se referirem a pessoas, por isso pode-se dizer que Igreja é um grupo de pessoas que pertencem a Deus, reunidas com o propósito de O celebrarem. A base, a preocupação e o conceito de Igreja deve estar sempre voltada para pessoas, não para organizações, estruturas ou actividades. Jesus disse certa vez que onde estiverem duas ou três pessoas em Seu nome, Ele estaria no seu meio, portanto pode-se dizer que aonde estão pessoas salvas aí está Igreja. Muitos conceitos teológicos se poderiam abordar, como o da origem da Igreja, os conceitos de Igreja Universal, Igreja Local, Igreja Cidade, da Igreja Visível e Invisível ou outros, mas de todos o mais importante e que deveria ser de consenso, é que a Igreja é uma criação divina sem qualquer tipo de intervenção humana. Quem esteve na criação do universo esteve na criação da Igreja. Tem-se por hábito associar-se igreja, com instituições organizadas, estruturadas, com hierarquias estabelecidas, com códigos de conduta e de comportamento. Normalmente quase todos os membros se juntam ao domingo, numa reunião a que se costuma chamar de "Culto". Cada instituição tem um nome, por isso se chamam de denominações, e por vezes algumas têm mais de um local de reunião, a que se chama de congregações. Existem denominações com um número razoável de pessoas, que são chamadas as "grandes igrejas" e existem outras, com menos pessoas, que são as "pequenas". Pessoalmente gosto mais de utilizar o termo de comunidades cristãs ou congregações cristãs, é menos prosélito e menos redutor. Não é importante o nome que cada unidade atribui a si próprio, seja igreja, comunidade, movimento, grupo, qualquer que seja a criatividade. Deus criou a variedade. Isto também é verdade para os humanos e dentro da diversidade encontra-se a unidade. Pessoas diferentes formam comunidades diferentes. Diferentes culturas têm abordagens diferentes do cristianismo. O mais importante são os princípios básicos e estes convém cada um divulgá-los. Igreja é o conjunto de todos os crentes cristãos, independentemente do país, da cultura, da política, da comunidade cristã em que se inserem, da liturgia ou da época em que viveram. A dimensão da Igreja ultrapassa todo e qualquer entendimento humano. Cada comunidade deve ser uma unidade e respeitar as outras, manter as devidas distâncias e cooperarem entre elas no que for necessário para o crescimento espiritual e numérico. Os princípios neo-testamentários para o respeito da diferença, crescimento e aperfeiçoamento de cada um individualmente, também se aplica às unidades colectivas e relacionamentos entre elas. Assim Igreja é uma congregação de crentes, afim de se reunirem para celebrar a sua fé em Deus, através de Jesus Cristo com a ajuda do Espírito Santo. A Igreja é reconciliação, é ensino, é luta, é lágrimas e também inter ajuda. Igreja não é um clube onde as pessoas se reúnem para se entreter e passar algum tempo entre amigos que pensam da mesma maneira. É um local de chegada mas também de partida, é um local de acolhimento mas não acolhedor (não é nenhuma referência à decoração ou à estética). Assim o Espírito de Deus pode trabalhar com cada um individualmente, mas também com a comunidade como uma unidade. Cada comunidade deve separar um dia por semana e declará-lo Dia do Senhor. Esse dia, que normalmente é ao domingo, deve ser um dia especial. Deve ser o dia da reunião da celebração conjunta, o dia da comunhão e até o das outras reuniões. Na sociedade europeia temos desperdiçado os domingos, pois foi-nos facultado o privilégio de não se trabalhar ao sábado e muitos crentes utilizam o domingo para o lazer, repetindo assim o sábado. O Dia do Senhor não deve ser chato, aborrecido e cansativo. As reuniões devem ser criativas, dinâmicas e o resto do dia produtivo. Não é importante discutir se o Dia do Senhor deve ser ao sábado, ao domingo ou a qualquer outro dia, o importante é que cada um individualmente e a sua comunidade separem um dia por semana para o dedicar exclusivamente ao Senhor. Mas ser cristão não é apenas ir à reunião um dia por semana, é uma atitude diária de testemunho silencioso de rectidão e de participação cívica. Ser cristão é saber que se é um instrumento útil nas mãos de Deus, útil para a comunidade cristã e para a sociedade em que se está inserido. É saber que se é usufrutuário de um bem precioso e querer compartilhar. É também ter comunhão diária a sós com o seu Senhor e desejar estar com outros crentes para terem comunhão colectiva de preferência nas casas. As comunidades cristãs não são locais de entretenimento em que os crentes lá vão para satisfazer as suas emoções espirituais, é um local de trabalho árduo, de manutenção e preparação para a guerra constante que é movida aos crentes e que durará até ao fim dos tempos, tais como conhecemos hoje. Os membros das comunidades cristãs devem ter a noção da responsabilidade de serem embaixadores de Deus, como tal, cada um individualmente é a face visível do Seu amor, para com aqueles que não conhecem o evangelho e mesmo para aqueles que conhecendo o desprezam. Colectivamente, como comunidade, têm precisamente a mesma responsabilidade. O objectivo das comunidades cristãs e dos seus membros é a propagação do evangelho, o que significa dar testemunho, informação e acompanhamento, ou seja criar discípulos. O objectivo são pessoas e o método são relacionamentos. Devido a este objectivo os alvos encontram-se no exterior, e como tal as igrejas devem canalizar os recursos para o contactos com o exterior e não consumir internamente na auto estimulação e manutenção. A massificação das comunidades cristãs desvirtua o cristianismo, tornando-o impessoal e meramente estatístico. As igrejas passam a viver para o número, para o entretenimento esquecendo a individualidade, acabando por trucidar os mais fracos, os desprotegidos e aqueles que não têm voz. Ao canalizar os esforços para as multidões, as comunidades normalmente consomem os recursos financeiros em espectáculos, que podem ser belos e entreter, mas não são produtivos. Convém não esquecer que a multidão quer sempre mais e nunca estão contentes com o que têm. Ao longo dos evangelhos Jesus falou algumas vezes com as multidões, mas os actos mais importantes sempre foram o toque pessoal directo. Também não nos podemos esquecer que foi uma multidão que assinou a crucificação. As multidões são impessoais e ingratas. Os cristãos da contemporaneidade têm de desenvolver uma cultura de pessoas e de integração. Dentro do conceito de igreja confunde-se bastante e é habilmente utilizado pelos manipuladores as célebres a frases “trabalhar para o Senhor”, “dar para o Senhor” e “outras coisa para o Senhor”. Este tipo de argumentos são muitas vezes utilizados para impor regras e criar autoridades artificiais e manipular as congregações para projectos pessoais. Temos de respeitar, sustentar e depositar confiança naqueles que Deus levanta para o trabalho de guias nas comunidades, ou que trabalham a tempo inteiro numa comunidade. Mas trabalhar para Deus é o que cada um faz aonde quer que esteja, seja numa igreja, fábrica, oficina, escritório, supermercado ou outro sítio qualquer. A produtividade relativa a cada trabalho é o que agrada a Deus. Os que trabalham a tempo inteiro, não se devem achar superiores, pois não o são diante do Senhor e têm de ser dignos do seu salário de obreiro, assim como qualquer outra pessoa no seu local de trabalho. Mais uma vez o principio é o respeito mútuo. Este equilíbrio é dos mais difíceis de manter numa comunidade cristã, dada a diversidade de membros. Cada um tem a sua opinião, que nem sempre são estáveis e muitas vezes baseadas na ignorância. Igreja são pessoas que amam Deus, unidas pelo propósito de dar e não de receber.
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Para algum esclarecimento contactar através do e-mail: blog.terradosreis@gmail.
- Comentário acrescentado para responder a algumas dúvidas solicitadas:
“(a Igreja) É um local de chegada mas também de partida” O conceito de igreja é muito vasto, mas a nossa igreja principal é a nossa família, que por sua vez deve estar integrada num grupo maior que é a igreja local. Seja numa casa, com uma pessoa, num culto ou numa campanha evangelistica a igreja é um local de chegada, no sentido das pessoas chegarem ao conhecimento a Cristo, embora saibamos que conhecer é diferente de aceitar, com grande pena nossa, mas as pessoas são livres. Mas a Igreja também é um local de partida, pois a Igreja tem de ser missionária. Nem todos têm de ir para locais longínquos, mas todos têm a comissão de levar a salvação aos vizinhos. A igreja não deve viver exclusivamente para as actividades internas, deve ser uma mais valia para o local onde exerce a sua influência. Esta penetração na sociedade é uma forma missionária. “(a Igreja) é um local de acolhimento mas não acolhedor” Acolhimento no sentido de acolher os feridos e magoados do mundo. Para a igreja não há excluídos, há pessoas que necessitam de Cristo. A igreja à partida pode parecer um hospital a acolher feridos, mas é antes uma maternidade de novos nascimentos. A igreja não deve ser um local acolhedor, no sentido de não se acomodar ao que tem de bom e agradável. Deve ter coragem suficiente para largar o conforto dos bancos para ir buscar os perdidos. Além de desconfortável e incómodo leva muitas vezes à perca de privilégios. Temos o exemplo de muitos cristãos que largaram todos os cargos e estatutos que tinham para irem aonde os Espírito de Deus os guiou.

1 comentário:

Anónimo disse...

“(a Igreja) É um local de chegada mas também de partida”
O conceito de igreja é muito vasto, mas a nossa igreja principal é a nossa família, que por sua vez deve estar integrada num grupo maior que é a igreja local. Seja numa casa, com uma pessoa, num culto ou numa campanha evangelistica a igreja é um local de chegada, no sentido das pessoas chegarem ao conhecimento a Cristo, embora saibamos que conhecer é diferente de aceitar, com grande pena nossa, mas as pessoas são livres.

Mas a Igreja também é um local de partida, pois a Igreja tem de ser missionária. Nem todos têm de ir para locais longínquos, mas todos temos a comissão de levar a salvação aos nossos vizinhos. A igreja não deve viver exclusivamente para as actividades internas, deve ser uma mais valia para o local onde exerce a sua influência. Esta penetração na sociedade é uma forma missionária.

“(a Igreja) é um local de acolhimento mas não acolhedor”
Acolhimento no sentido de acolher os feridos e magoados do mundo. Para a igreja não há excluídos, há pessoas que necessitam de Cristo. A igreja à partida pode parecer um hospital a acolher feridos, mas é antes uma maternidade de novos nascimentos.

A igreja não deve ser um local acolhedor, no sentido de não se acomodar ao que tem de bom e agradável. Deve ter coragem suficiente para largar o conforto dos bancos para ir buscar os perdidos. Além de desconfortável e incómodo leva muitas vezes à perca de privilégios. Temos o exemplo de muitos cristãos que largaram todos os cargos e estatutos que tinham para irem aonde os Espírito de Deus os guiou.