EM BUSCA DA ESPIRITUALIDADE PERDIDA

Nesta sociedade que se diz pós-modernista a filosofia principal é que tudo tem de ser aceite. Bem, tudo tudo não! Dizer que se aceita tudo, é um conceito assustador, pois o tudo tem tendência para o absoluto e os absolutos segundo as actuais formas de pensamento pós-modernistas, já deram o que tinham a dar. Mas se não se pode aceitar tudo, então, já não se é um verdadeiro pós-modernista. Esta contradição é aparentemente bem aceite na sociedade. Mas como nem tudo é aceitável, por isso vive-se na época dos problemas psicológicos, com uma predominância nas depressões. As depressões são causadas por contradições não resolvidas. Por um lado as pessoas gostam de estabilidade, por outro, a base da actual cultura é a constante mudança. Sabemos que a vida é uma mudança, mas precisa-se de estabilidade em muitas áreas da vida. Ligações estáveis não devem ser sinónimo de inanimismo e muito menos do medo de mudar. A mudança deve ser encarada como um passo para a estabilidade e para o aumento das capacidades pessoais, quer sejam intelectuais, profissionais e até espirituais. O princípio é o do respeito, quer pelo próprio quer pelos outros. A vida é uma mudança constante. Desde a geração até a morte o corpo está constantemente a mudar. O intelecto e a capacidade de absorção de conhecimento acompanham o ritmo do corpo. O planeta Terra está em constante mudança, até o universo está em mudança. Não temos capacidade de alterar o nosso ritmo biológico nem o social, a mudança faz parte da vida tal como os nossos sentidos a conhecem, mas são limitados pela finitude da dimensão humana. O bluff que foi a promessa da geração humanista, está a levar os seus actuais filhos a tentar o sincretismo com outras culturas, tentando assim compreender a existência cósmica, que foi perdendo ao longo das últimas gerações. Assim, ao repudiar a imobilidade e consequente estagnação humanista, a sociedade pós-modernista busca a sua identidade na mudança. A mudança faz parte do ser humano, temos de viver com ela, não é invenção de nenhuma geração inspirada, mas pode-se ancorar a mudança na estabilidade do absoluto que é Jesus Cristo. O ódio dos filósofos humanistas ao cristianismo, tem a ver com a desvirtualização do mesmo. Muitos cristãos ao longo dos tempos perderam a sensibilidade, o bom senso e por fim o alvo. A mensagem da salvação foi desvirtuada e transformada numa filosofia autoritária e de poder. Aqueles que se diziam de igreja, não fizeram mais do que utilizar o nome de Jesus para proveito próprio, esquecendo-se da dimensão da liberdade e livre escolha do evangelho. A dimensão ético-moral e social do evangelho foi desprezada, pois era incompatível com os desejos de poder. Ser cristão não é incompatível com ser governo, mas é incompatível com ambições pessoais e principalmente com a corrupção. O humanismo não foi mais do que uma tentativa de substituir os governos que se diziam cristãos por governos sem qualquer intervenção religiosa e se possível, negar e iludir qualquer actividade espiritual. Embora com um aumento exponencial do conhecimento científico, as más práticas destes governos empurraram a civilização para novas filosofias, procurando assim encontrar a espiritualidade perdida. Por sua vez, o pós-modernismo é a resposta aos humanisto-modernistas que não satisfizeram entre outras as necessidades espirituais da humanidade, só que por sua vez, estão no exagero da mudança, estando a tornar norma o descartável, tendo como expoente máximo as relações descartáveis, com todas as consequências que daí advêm. Do fracasso humanisto-modernista caiu-se no extremo pós-modernista da total falta de convicções. O evangelho é a mensagem da reconciliação de Deus com a criação, através da reabertura da espiritualidade pessoal e universal. Querer retirar a dimensão espiritual ao cristianismo é querer anular a mensagem do evangelho, é querer desenraizar os humanos para o papel para que foram criados no universo. Não é preciso nenhum curso, nem nenhuma chamada transcendente e muito menos mediadores humanos autorizados. Estando tudo em mudança e os humanos fazendo parte dessa mudança, precisam de estabilidade e só a podem encontrar na dimensão espiritual. A âncora da espiritualidade é a garantia da segurança física e psicológica. Reencontrar a espiritualidade perdida é um desejo que está ao alcance de qualquer um, basta reconhecer a necessidade e ligar-se através do elo de ligação que é Jesus Cristo.
Alexandre Reis
Para algum esclarecimento contactar através do e-mail: blog.terradosreis@gmail.com

Sem comentários: